Para superar o câncer, as mulheres se enchem de coragem e se submetem a tratamentos e procedimentos invasivos, como a retirada do seio. Felizmente, em muitos casos, é possível fazer a reconstrução mamária.
A alegria de saber que a vida recomeça e que a doença ficou para trás se torna ainda maior com a possibilidade de recuperar também as formas femininas. Por isso, essas pacientes merecem todo o nosso apoio e carinho.
No entanto, a grande dúvida que muitas mulheres têm é a respeito do procedimento de reconstrução. Afinal, dá para reconstruir a mama apenas colocando prótese de silicone?
Essa é apenas uma das perguntas para as quais você terá a resposta neste post. Então, continue a leitura e descubra quais são as opções para mulheres mastectomizadas.
O que é a reconstrução mamária?
Como o nome sugere, a reconstrução mamária é o procedimento que recompõe a mama de mulheres que tiveram que retirá-la por meio de uma outra cirurgia, a mastectomia.
Normalmente, a mastectomia é recomendada para mulheres em tratamento do câncer de mama. Elas retiram a mama parcial ou totalmente devido à presença de um tumor.
Em alguns casos, a mastectomia é feita antes mesmo que o câncer de mama apareça, como forma de evitar a doença. Porém, os médicos só recomendam o procedimento se a mulher tem uma chance muito acima do normal de desenvolver o câncer.
O motivo para isso é uma alteração nos genes BRCA1 e BRCA2. Mulheres com esse problema genético têm chances maiores de desenvolverem tumores e, mais que isso, de terem um câncer muito agressivo.
Portanto, a mastectomia acontece porque a mulher desenvolveu ou tem grandes chances de desenvolver uma doença. Por esse motivo, a cirurgia é considerada reparadora, e não estética.
É possível reconstruir a mama apenas com silicone?
Colocar silicone é uma das possibilidades para a reconstrução mamária. Porém, os médicos só indicam essa técnica quando a mastectomia não retirou uma quantidade muito grande de pele e outros tecidos.
Assim, se a mulher tem tecido suficiente para cobrir uma prótese e modelar sua mama desta forma, basta colocar silicone.
Nesses casos, o médico realiza a cirurgia para colocar a prótese normalmente. Então, ele faz a incisão (geralmente inframamária), insere o silicone e a paciente tem o período normal de recuperação.
Porém, em outros casos, é necessário recorrer a técnicas diferentes. Mas, entre todas as opções para reconstrução da mama, o silicone é o que mais facilita a vida da paciente.
Afinal, a recuperação é mais rápida, a paciente consegue voltar ao trabalho em pouco tempo e não existem cicatrizes grandes e nem em outras áreas do corpo, pois não é necessário retirar retalhos do abdômen ou das costas.
Quais são as outras opções de reconstrução mamária?
No entanto, nem todas as mulheres têm pele e tecido mamário suficientes para cobrir a prótese após a mastectomia. Felizmente, existem técnicas que atendem às necessidades desse grupo. Veja quais são:
Reconstrução mamária por expansão
O médico insere uma prótese especial para fazer a expansão da pele e dos tecidos. Embora o revestimento desse dispositivo seja de silicone, ele é vazio por dentro, como uma bexiga que tem uma válvula acoplada.
Depois que o médico implanta esse expansor, ele o preenche com soro fisiológico gradualmente. No dia da cirurgia, por exemplo, algumas pacientes chegam a ter seu expansor com 30% de preenchimento.
A partir daí, a cada duas ou três semanas, a paciente volta ao médico. Então, ele injeta mais soro fisiológico através da válvula. Normalmente, são 60 a 120 mililitros a cada uma dessas consultas.
Essa expansão periódica acontece até que o tecido da mama se expanda e atinja o tamanho desejado, dentro dos limites possíveis.
Então, o médico faz uma segunda cirurgia, onde retira o expansor e coloca a prótese de silicone, que ficará ali definitivamente.
Reconstrução por transferência de retalhos
Porém, nem sempre a mulher tem pele suficiente até mesmo para utilizar o expansor. Nesses casos, a técnica que os médicos recomendam é a reconstrução por transferência de retalhos.
Existem diversas maneiras de reconstruir a mama desta forma. No entanto, as mais comuns são:
Retalho miocutâneo do músculo reto abdominal
O médico retira tecidos da parte de baixo do abdômen, aquela onde geralmente existe um pequeno acúmulo de gordura, a conhecida pochete.
Então, o cirurgião reaproveita a gordura, músculos e tecido desses locais para reconstruir a mama, por meio de um procedimento bastante complexo.
Em primeiro lugar, o médico não pode simplesmente retirar o tecido do abdômen e implantá-lo na mama. Afinal, esse tecido precisa ser irrigado pelo sangue e portanto, necessita dos vasos sanguíneos que o alimentam.
Assim, o médico leva o tecido até a mama, mas mantém uma parte dele presa ao abdômen, para não romper a vascularização.
Porém, para que a paciente faça esse procedimento, ela precisa ter uma sobra de gordura no abdômen. A região de onde o tecido foi retirado recebe o reforço de uma tela de polipropileno.
Retalho perfurante da artéria epigástrica
Esta técnica também retira uma parte do tecido adiposo (gordura) da barriga para reconstruir a mama. No entanto, desta vez, não há necessidade de retirar músculos.
O médico precisa realizar uma microcirurgia, na qual ele liga pequenos vasos ao tecido adiposo.
Retalho do músculo grande dorsal
Outra possibilidade é a utilização de um músculo das costas para reconstruir a mama. Então, o médico rotaciona um retalho do músculo grande dorsal, do mesmo lado do seio que precisa de reconstrução.
Como você pode perceber, a reconstrução mamária com silicone é o procedimento menos complexo. A paciente que tem essa possibilidade tem mais esse motivo para comemorar após sua recuperação.
Quando a paciente pode fazer a reconstrução mamária?
Existe uma lei que protege os direitos da mulher mastectomizada. Segundo essa lei (12.802/2013), a paciente pode realizar o procedimento pelo SUS imediatamente após a retirada do tumor.
Se a reconstrução acontece logo após a retirada do tumor, em uma única cirurgia, ela é chamada de reconstrução imediata.
Uma das principais vantagens da reconstrução imediata é o fato de que a paciente tem um único pós-operatório. Portanto, ela não precisa parar em outro momento para se recuperar novamente.
Além disso, para muitas mulheres, ficar algum tempo sem as mamas é muito traumático. Assim, elas não sofrem essa experiência e voltam para casa sem alterações no corpo.
Porém, nem sempre as mulheres podem ou querem fazer a cirurgia imediatamente. Algumas delas optam pela reconstrução tardia, seja por preferência pessoal ou por orientação médica. Veja os principais motivos:
Foco na recuperação do câncer
Embora possam fazer a reconstrução imediata, algumas mulheres preferem focar toda sua atenção na superação do câncer. Portanto, elas optam por deixar a cirurgia para depois.
Nesse período de espera, elas têm ainda a oportunidade de avaliar todas as opções possíveis para seu caso.
Condição clínica delicada
Também existem pacientes que não podem fazer a reconstrução imediatamente devido a alguma condição clínica delicada. Então, a prioridade se torna realizar o tratamento e preservar a vida.
Outras situações, embora não tão complexas, também exigem um tempo de espera. A necessidade de radioterapia, por exemplo, contraindica a reconstrução imediata, pois dificulta a cicatrização e prejudica o resultado.
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