Quem vê aquela cicatriz pequena, fininha e quase imperceptível após o silicone não imagina todo o processo de cicatrização que o corpo precisou realizar até chegar àquele resultado.
Quando falamos em qualquer cirurgia plástica, inclusive a mamoplastia de aumento, o processo de cicatrização é tão importante para o resultado quanto o momento da cirurgia.
Afinal, mesmo que o médico faça seu trabalho com toda a competência do mundo, o surgimento de quelóides ou o afastamento da cicatriz pode prejudicar o aspecto da pele, deixando uma marca feia.
Mas você sabe como acontece o processo de cicatrização? Entende cada etapa e como ela contribui para o resultado final da cirurgia plástica? Compreende o que precisa fazer para favorecer a regeneração da pele?
Então, continue a leitura deste post. Vamos explicar cada uma dessas etapas e o que não fazer no pós-operatório para ter uma cicatriz bonita e discreta.
Como é o processo de cicatrização do silicone?
Em primeiro lugar, vale a pena destacar que a cicatrização de uma cirurgia, como a mamoplastia de aumento, é bastante complexa. Afinal, existem diversos tecidos que precisam se recompor.
Além da pele, onde há uma cicatriz visível, existem vários tecidos internos que necessitam desta reparação. Basta você imaginar: a abertura que você vê na pele é nada mais que uma pequena porta de entrada para a região onde o médico colocará a prótese.
Após esta incisão inicial, ele precisa dissecar tecidos, ou seja, separá-los para criar uma espécie de corredor por onde a prótese passará.
Finalmente, o médico chega, com o bisturi, ao local onde a prótese permanecerá fixada. Este espaço é chamado de loja.
No entanto, para chegar até lá, ele precisou dissecar (separar) uma série de tecidos moles: pele, tecido adiposo (gordura), pode haver também tecido glandular mamário, vasos sanguíneos, vasos linfáticos…
Portanto, ao pensar no processo de cicatrização depois do silicone, lembre-se de que todas essas estruturas precisam de regeneração.
Isso incluirá eliminar células danificadas, produzir fibras de colágeno, combater a presença de eventuais invasores, provocar a aderência de tecidos e ainda aperfeiçoar os tecidos formados, alinhando suas fibras.
Mas, calma! Vamos explicar as etapas como isso acontece. No entanto, fizemos esta introdução para você entender que o procedimento é rápido e seguro, mas não simples. Ele exige muito conhecimento e técnica por parte do profissional, e muito cuidado por parte da paciente.
Primeira etapa do processo de cicatrização: homeostase
A palavra homeostase é um termo científico para definir um estado do corpo ou, mais precisamente, a busca por esse estado de equilíbrio.
Ela ocorre quando o corpo faz uma série de ajustes com o objetivo de recuperar seu estado ótimo de funcionamento, um processo de regulação.
É exatamente isso que acontece logo após uma cirurgia, inclusive a mamoplastia de aumento. O corpo, ao sofrer um corte (que o cérebro não sabe que é intencional), faz de tudo para voltar ao estado de equilíbrio.
Ele identifica, inconscientemente, todos os perigos que o organismo sofre a partir deste corte: invasão de bactérias, fungos e vírus, sangramento excessivo e assim por diante.
Então, o cérebro aciona o sistema de defesa, que fará uma barreira para impedir que todo o sangue vá embora, ao mesmo tempo que impede a entrada de invasores.
É por isso que, diante de um sinal químico enviado pelo cérebro, as células de sangue se unem umas às outras na entrada do corte, formando uma barreira.
Esta medida emergencial acontece muito rápido, em poucos minutos ou em horas, dependendo da gravidade do ferimento e do estado de saúde da pessoa.
Segunda etapa do processo de cicatrização: inflamação
A primeira tarefa do organismo foi criar a barreira. Porém, mesmo depois de ter resolvido esta emergência, ele percebe que algo não está bem.
Afinal, uma série de mensageiros químicos sinalizam para o cérebro que células foram danificadas, há sangue espalhado entre os tecidos (o que não é normal, pois o sangue fica dentro dos vasos sanguíneos) etc.
Então, o corpo desencadeia um estado inflamatório, que pode durar até 4 dias. Nesta etapa, o organismo limpa os tecidos, elimina células danificadas na cirurgia e começa a criar novas células para repor as antigas.
Como o corpo está em estado inflamatório agudo, a pessoa pode sentir dores, um leve aquecimento no local, além de vermelhidão e inchaço.
Os médicos costumam prescrever anti-inflamatórios que ajudam o corpo a produzir uma reação que faz parte do processo de cicatrização, mas sem exageros.
Terceira etapa do processo de cicatrização: proliferação
Perceba que, nas primeiras etapas da cicatrização, tudo aconteceu muito rápido. A homeostase ocorreu em horas ou até minutos, a inflamação durou mais cerca de 4 ou 5 dias, em média.
Porém, a partir do momento que essas etapas se finalizam, o organismo percebe que está novamente entrando em equilíbrio.
Então, sem um senso tão forte de emergência, o organismo tem a possibilidade de conduzir as próximas etapas com mais calma, formando os novos tecidos com cuidado.
Isso é o que acontece na terceira etapa, a proliferação. O organismo fecha as incisões e, portanto, você perceberá que a ferida se fecha, embora a cicatriz ainda tenha uma coloração avermelhada.
Além do fechamento visível da incisão, nesta etapa o corpo continua criando células aceleradamente para que os tecidos dissecados se colem novamente uns aos outros. Esta terceira etapa pode ter a duração de 24 ou 25 dias, em média.
Quarta etapa do processo de cicatrização: maturação
Chegamos à última e mais demorada etapa do processo de cicatrização após o silicone: o período de maturação.
Do ponto de vista fisiológico, o organismo já resolveu todos os “problemas” causados pela cirurgia: fechou a incisão, combateu infecções e promoveu a aderência dos tecidos.
No entanto, agora ele trabalhará para deixar este novo tecido mais organizado, firme e resistente.
O tecido da cicatriz nunca é igual ao tecido original, que foi lesionado. No entanto, o corpo o torna o mais parecido possível. Para isso, lentamente, ele reorganiza as fibras de colágeno.
A cicatriz muda de cor até se tornar bem semelhante ao entorno. Se tudo ocorrer normalmente, essa cicatriz não ultrapassará seu local e nem ficará retraída.
Este processo ocorre sem pressa e, por isso, a etapa de maturação pode durar até 24 meses, ou seja, 2 anos após a cirurgia.
O que pode prejudicar o processo de cicatrização?
Na maioria das pacientes que colocam silicone, o processo de cicatrização acontece normalmente, sem complicações.
Por isso, a cicatriz fica bem discreta, além de escondida. Porém, existem alguns fatores que podem prejudicar o processo de cicatrização. Saiba quais são eles:
Fatores genéticos
Algumas pessoas já nascem com tendência a queloides. Por isso, sempre que a pele sofre qualquer lesão — um arranhão, uma cesárea ou uma cirurgia plástica — pode surgir uma cicatriz deformada.
Então, se você tem tendência a queloides, informe seu médico já antes da cirurgia. Assim, durante a cicatrização, se a pele começar a crescer de forma desorganizada, ele realizará tratamentos eficazes para este problema.
Descuido no repouso
No primeiro tópico, nós falamos de um fator sobre o qual não temos controle — a tendência genética. Porém, na maioria das vezes, problemas de cicatrização são causados pela própria paciente.
Um exemplo disso é o descuido no repouso. Por se sentirem sem dor, muitas pacientes acham que não precisam seguir as recomendações médicas e acabam fazendo esforços desnecessários no pós-operatório.
Não usar o sutiã pós-cirúrgico
O corpo faz um grande esforço para que os tecidos se colem novamente uns nos outros. E sabe um dos fatores que ajudam isso a acontecer mais rápido? Mantê-los estáveis, bem juntos, o tempo todo.
É isso que o sutiã pós-cirúrgico faz. Ele comprime as mamas após a cirurgia, fazendo com que esses tecidos não se afastem, nem mesmo quando a paciente realiza uma série de movimentos.
Portanto, não usar o sutiã pós-cirúrgico atrasa todo o processo de cicatrização e pode torná-lo mais complicado. Consequentemente, a cicatriz pode não ficar tão bonita e delicada quanto a paciente gostaria.
Não se alimentar bem
Como você pode perceber, o processo de cicatrização é uma fabricação ultra rápida de novas células. E para que isso aconteça, seu corpo precisa de matéria-prima.
Nutricionalmente falando, o organismo precisa de muita proteína para formar novas células. Essas proteínas precisam ter uma boa qualidade.
Portanto, já antes da cirurgia e no pós-operatório, consuma boas proteínas. Coloque carnes magras, lentilhas, feijões, grão de bico e outros alimentos como esses na sua dieta.
Evite o açúcar, produtos industrializados, muita gordura e farinhas refinadas, pois eles são pobres nutricionalmente e não ajudam neste processo.
Consuma também vegetais, especialmente de cor verde escura, bem como frutas vermelhas e roxas. Eles são ricos em antioxidantes, que combatem os radicais livres.
Fumar e utilizar bebidas alcoólicas
Durante o processo de cicatrização, você percebeu que o corpo faz um esforço imenso para produzir novas células.
Agora, não é contraditório seu corpo fazer todo este esforço enquanto você, conscientemente, coloca dentro dele substâncias que danificam e matam células?
É isso o que acontece quando alguém fuma ou toma bebidas alcoólicas. Aliás, para acelerar a regeneração dos tecidos, é melhor interromper o uso dessas substâncias já no pré-operatório, antes mesmo da cirurgia.
Agora você já sabe o que acontece no processo de cicatrização e o que não fazer para ter uma recuperação rápida e uma cicatriz bonita.
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