Embora seja um processo normal, o encapsulamento do silicone causa muito medo em pacientes que já colocaram prótese ou planejam realizar esta cirurgia.
Em parte, este receio se deve a uma confusão. Muitas pessoas acreditam que o encapsulamento do silicone é a mesma coisa que contratura capsular. Porém, são condições diferentes, embora relacionadas.
Mas para que você não caia nesta confusão, decidimos criar este artigo. Nele, você vai descobrir qual é a diferença entre esses dois processos e, a partir disso, entender quando pode ficar tranquila quanto à sua prótese de silicone e quando é hora de buscar ajuda.
Ficou interessada? Quer entender o que é o encapsulamento, seus limites de normalidade e quando procurar uma avaliação médica? Então, não perca este artigo!
O que é o encapsulamento do silicone?
O encapsulamento do silicone é um processo biológico normal, que ocorre após a colocação de implantes, no qual o corpo forma uma camada de tecido cicatricial ao redor da prótese de silicone. Este fenômeno ocorre naturalmente como parte da resposta imunológica do organismo à presença de um objeto estranho.
Ao contrário do que muitos pensam, o encapsulamento não é, em si, uma complicação. Trata-se de uma reação esperada e até mesmo benéfica em certos aspectos, pois participa do processo de cicatrização e regeneração de tecidos.
O processo de encapsulamento do silicone tem início logo após a cirurgia, assim que o organismo detecta a presença da prótese. As células do sistema imunológico começam a se acumular ao redor deste dispositivo, formando gradualmente uma cápsula de tecido fibroso. Esta cápsula atua como uma barreira protetora, isolando o implante do resto do corpo e mantendo-o fixado na posição correta.
Inclusive, é válido trazer uma curiosidade: este tecido fibroso tem, em sua composição, uma grande quantidade de colágeno. Esta fibra é essencial para uma série de funções do organismo e também participa deste processo.
O processo natural de encapsulamento do silicone
O encapsulamento do silicone ocorre em fases distintas. Inicialmente, logo após a cirurgia, há uma resposta inflamatória aguda, em que o corpo está contendo danos, estancando sangramentos, evitando a entrada de microorganismos e iniciando o processo de reparação de tecidos.
Em seguida, ocorre a formação de tecido de granulação. Apenas depois, com o tempo, este tecido se transforma em uma cápsula fibrosa madura. Todo esse processo pode levar vários meses para se completar.
A função protetora da cápsula é essencial. Como já mencionamos, ela mantém a prótese em sua posição desejada, mas seu papel vai além disso. Ela também ajuda a prevenir a migração do silicone para outros tecidos, caso ocorra uma ruptura do implante.
Nós sabemos que, hoje em dia, as próteses são feitas com gel de silicone de alta coesividade. Por isso, mesmo em caso de ruptura do implante, seu conteúdo não sai da concha, não vaza e não atinge outros tecidos. Ainda assim, a cápsula é uma camada de proteção adicional.
Além disso, a cápsula pode contribuir para a aparência natural e para manter o toque do seio após a cirurgia igual à consistência anterior. Por esse motivo, se a paciente utiliza uma prótese de tamanho adequado, é quase impossível uma pessoa perceber a presença do silicone apenas a partir da palpação.
Diferenças entre o encapsulamento do silicone e a contratura
Como você viu, o processo de encapsulamento do silicone é natural. Porém, ele tem um espectro de normalidade. Um encapsulamento considerado normal resulta em uma cápsula fina, flexível e imperceptível. Nestes casos, não há alteração na aparência e consistência da mama, sem desconforto para a paciente e sem diferenças no formato ou posição do implante.
No entanto, em alguns casos — felizmente, cada vez mais raros — o organismo tem uma reação exagerada à presença da prótese. Esta cápsula se torna mais espessa e rígida, adquirindo a capacidade de contrair o implante. Trata-se da contratura capsular.
A partir desta compressão, a prótese pode sofrer uma distorção em sua forma, além de outros sintomas que podem ser mais ou menos desagradáveis, conforme o grau da contratura capsular. Você entenderá melhor essas variações no próximo tópico.
Graus de contratura capsular
A gravidade da contratura capsular é medida através da escala de Baker. Esta escala se divide em quatro graus, em que cada um representa:
- Grau I: representa um encapsulamento normal, com o seio macio e com aparência natural.
- Grau II: indica um leve endurecimento, mas sem alteração visível na aparência do seio.
- Grau III: apresenta um endurecimento moderado, com alguma distorção visível na forma do seio.
- Grau IV: trata-se do grau mais severo, com endurecimento significativo, dor e distorção evidente do seio.
Os médicos entendem que os graus I e II não representam nenhum problema para a paciente, sendo considerados dentro do espectro da normalidade. Já os graus III e IV requerem tratamento, que pode ser cirúrgico ou não cirúrgico, dependendo de cada caso.
Sinais de alerta
Embora o médico possa perceber que o encapsulamento do silicone evoluiu para uma contratura na consulta de rotina, é importante que a paciente conheça os sinais de alerta, saiba identificá-los e seja capaz de buscar ajuda assim que qualquer problema for detectado. Quando mais cedo a condição for reconhecida, maiores são as chances de uma solução não cirúrgica.
Mudanças na forma ou textura do seio estão entre os primeiros indicadores. Se você perceber que o seio começar a parecer visivelmente mais redondo, formando uma bola, ou apresentar um aspecto artificial, isso pode ser um sinal de contratura capsular em desenvolvimento. Dor ou desconforto persistente na área do implante também são sinais importantes.
O endurecimento excessivo do seio é outro sinal clássico. Se o seio se torna progressivamente mais firme ao toque, perdendo sua maciez natural, isso pode indicar uma contratura capsular em evolução. Também é importante observar assimetrias — quando um seio fica posicionado acima do outro ou mesmo apresenta alteração na sua posição.
Porém, aqui vale uma observação muito importante. Como mulheres, sabemos que o nosso seio muda. Assim, ele pode ficar mais inchaço ou dolorido durante a TPM, por exemplo, e isso não tem nada a ver com encapsulamento.
Por isso, é muito importante você conhecer bem a sua mama, observá-la continuamente. Somente assim você conseguirá identificar alterações significativas. Sentir uma dor contínua ou que se desenvolve meses e até anos após a cirurgia pode indicar um problema. E caso você realmente observe esses sinais, procure um médico. Apenas o profissional pode confirmar esse diagnóstico.
Fatores de risco para contratura capsular
A contratura capsular tem se tornado um evento cada vez mais raro. Porém, alguns fatores podem aumentar o risco de desenvolver esta complicação. A técnica cirúrgica utilizada, por exemplo, desempenha um papel importante. Ao minimizar o trauma dos tecidos e reduzem o risco de contaminação tendem a apresentar menores taxas de contratura capsular.
O tipo de implante também pode influenciar. Próteses com superfície texturizada foram desenvolvidos com o objetivo de reduzir o risco de contratura capsular, enquanto as lisas tendem a gerar mais problemas nesse sentido.
Infecções subclínicas, mesmo que não detectáveis pelos métodos convencionais, podem contribuir para o desenvolvimento de contratura capsular. Afinal, na tentativa de combater a infecção, o sistema de defesa do corpo ataca erroneamente o corpo estranho que acabou detectar. Por isso, os profissionais cuidam tanto da esterilização de instrumentos durante a cirurgia.
Quando buscar ajuda médica
Em primeiro lugar, é importante realizar o acompanhamento pós-cirúrgico. Nessas consultas periódicas, o médico avalia clinicamente a paciente e solicita exames que podem detectar a contratura em seus estágios iniciais. Além disso, as pacientes precisam estar atentas a quaisquer mudanças em seus seios, conforme os sintomas já mencionados.
Diagnóstico do encapsulamento anormal
O diagnóstico de contratura capsular começa com um exame físico detalhado. O cirurgião avaliará a aparência, textura e simetria dos seios, além de considerar quaisquer sintomas relatados pela paciente. De forma complementar, ele solicitará exames de imagem, como o ultrassom ou a ressonância magnética.
Opções de tratamento
O tratamento da contratura capsular pode envolver abordagens não cirúrgicas e cirúrgicas, dependendo da gravidade do caso. Em estágios iniciais o médico recomendará massagens específicas, uso de medicamentos anti-inflamatórios e, em alguns casos, terapia com ultrassom.
Já as intervenções cirúrgicas são indicadas para casos mais avançados. A capsulectomia, que envolve a remoção parcial ou total da cápsula fibrótica, é um procedimento comum. Frequentemente, esta cirurgia é combinada com a troca da prótese. Em alguns casos, pode-se optar por técnicas como a capsulotomia, onde a cápsula é apenas cortada para aliviar a tensão, sem ser completamente removida. A escolha do procedimento depende de cada caso, conforme avaliação médica.
Há décadas, a indústria médica tem desenvolvido novos tipos de implantes visando reduzir a probabilidade de o encapsulamento do silicone evoluir para uma contratura capsular. Próteses mamárias com superfícies e materiais inovadores têm sido desenvolvidos com o objetivo de promover uma melhor integração com os tecidos do corpo e minimizar a resposta inflamatória.
Técnicas cirúrgicas modernas também têm contribuído para a redução dos riscos. Abordagens como a colocação do implante sob o músculo peitoral (submuscular) ou sob a fáscia (posição subfascial) têm mostrado resultados promissores na redução das taxas de contratura capsular.
No Silicone Center, a colocação da prótese na posição subfascial é o nosso protocolo padrão. Além de reduzir o risco de contratura capsular, esta abordagem proporciona uma série de vantagens e os resultados têm sido extremamente satisfatórios.
Agora você já sabe que o encapsulamento do silicone é um processo natural e, na maioria dos casos, não problemático. No entanto, a conscientização sobre os sinais de contratura capsular e a importância do acompanhamento médico regular são indispensáveis para garantir resultados duradouros e satisfatórios após uma cirurgia de implante mamário.
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