Seu bem-estar é tão importante para nós em vários aspectos, que neste espaço nós não falamos apenas de beleza. Neste post, trataremos de um tema espinhoso, mas fundamental ― as infecções sexualmente transmissíveis.
Depois do surgimento da AIDS e de uma extensa campanha para o uso de preservativos, os hábitos de uma geração inteira mudaram, com foco no cuidado e prevenção.
No entanto, as gerações que vieram depois não sofreram o trauma. Consequentemente, elas não desenvolveram o mesmo cuidado e, atualmente, os números são assustadores.
Segundo boletins epidemiológicos divulgados por órgãos oficiais, em 10 anos (2009 a 2019), houve um aumento de 65% de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) entre jovens de 15 a 19 anos.
Entre a faixa dos 20 a 24 anos, o aumento foi ainda maior, chegando ao percentual de 74,8%. Portanto, é um quadro preocupante.
Ainda segundo esses estudos, o crescimento das ISTs se deve à falsa sensação de segurança que essa parcela da população sente, ou seja, acreditam que não correm risco de pegar essas doenças.
Em outros casos, eles até admitem o risco, mas entendem que, como há tratamento, eles não deveriam se preocupar e se proteger.
Porém, não é bem assim. Algumas ISTs, embora realmente tenham tratamento, provocam uma série de consequências, especialmente a médio e longo prazo.
Por isso, vamos fazer a nossa parte: explicar a você quais são as ISTs mais comuns, seus riscos e por que é importante preveni-las. Continue a leitura para saber mais!
O que são infecções sexualmente transmissíveis?
Infecções sexualmente transmissíveis são doenças causadas por vírus, bactérias ou parasitas transmitidas principalmente por meio do contato sexual.
Isso não significa que elas não possam ser transmitidas por outras vias, como o uso de agulhas infectadas, troca de fluidos na gravidez ou parto etc.
No entanto, elas são predominantemente transmitidas pelo contato sexual, seja oral, vaginal ou anal, incluindo o compartilhamento de objetos e brinquedos que entram em contato com essas mucosas.
Quais são as infecções sexualmente transmissíveis mais comuns?
As ISTs mais comuns, atualmente, são:
HIV (vírus da imunodeficiência humana)
O vírus da imunodeficiência humana provoca, sem dúvida, uma das mais preocupantes infecções sexualmente transmissíveis, a AIDS.
Este vírus infecta a célula, que passa a se replicar com uma alteração e ataca o sistema imunológico, especificamente os linfócitos T CD4+. Portanto, ele destrói as defesas do organismo.
Quando não tratada, a infecção pelo vírus evolui para AIDS, uma doença que compromete severamente o sistema imunológico e o torna vulnerável a infecções oportunistas.
O tratamento envolve terapia antirretroviral (TARV) para suprimir a replicação viral e manter a contagem de células CD4+ saudável.
Vale a pena destacar que a TARV não cura o HIV. Porém, ela permite que as pessoas infectadas vivem vidas mais longas e funcionais, reduzindo o risco de transmissão.
A falta de conhecimento das consequências do HIV é um dos fatores que leva ao aumento de ISTs em gerações mais jovens. Elas entendem que a AIDS é apenas mais uma doença.
No entanto, não é assim. A TARV, embora permita uma sobrevida relativamente normal, provoca uma série de efeitos colaterais, impactando negativamente a qualidade de vida da pessoa infectada.
HPV (papilomavírus humano)
Muitas infecções por HPV são assintomáticas e transitórias. Porém, é fundamental ficar atento e realizar os procedimentos de prevenção, pois não há cura para o HPV.
Em alguns casos, o HPV provoca uma doença que se caracteriza por verrugas genitais, que devem ser tratadas com medicamentos tópicos, crioterapia e outros procedimentos.
Porém, o maior risco do HPV está relacionado a algumas cepas altamente destrutivas. Elas podem causar câncer no colo do útero, vulva, ânus, pênis e orofaringe.
Já existem vacinas para evitar pelo menos essas cepas mais perigosas do HPV e elas devem ser tomadas a partir dos 9 anos de idade. Caso não tenha tomado, procure uma unidade de saúde.
Clamídia
Trata-se de uma doença sexualmente transmissível causada pela Chlamydia trachomatis.
Os sintomas da clamídia incluem dor ao urinar, corrimento genital anormal e dor pélvica. No entanto, muitas pessoas que contraem a bactéria permanecem assintomáticas.
Sem o tratamento adequado, a clamídia pode causar complicações graves. Entre elas, estão a infertilidade e doença inflamatória pélvica.
Por se tratar de uma bactéria, só é possível combatê-la por meio de antibióticos, como a azitromicina ou a doxiciclina.
Uma vez que o diagnóstico é realizado, ambos os parceiros precisam se tratar, mesmo que algum deles esteja assintomático.
Gonorreia
Causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, a gonorreia provoca dor ao urinar, corrimento genital anormal e dor pélvica nas mulheres. Em homens, o principal sintoma é o inchaço dos testículos.
Embora existam esses indicadores, muitas pessoas que contraem a doença são assintomáticas e correm o risco de disseminá-la.
A falta de tratamento da gonorreia leva a complicações como infertilidade e infecções sistêmicas.
Portanto, é importante ir sempre ao médico, realizar exames e, caso haja o diagnóstico, realizar o tratamento, que envolve uma combinação de antibióticos, geralmente ceftriaxona e azitromicina.
Sífilis
A sífilis é causada pela bactéria Treponema pallidum e trata-se de uma doença que apresenta estágios distintos com sintomas variados.
Na sífilis primária, surgem úlceras indolores (cancros) no local da infecção. No estágio secundário, surgem manchas avermelhadas e erupções cutâneas pelo corpo. Algumas pessoas relatam também febre e mal-estar.
Já a sífilis terciária, que ocorre quando não há tratamento em estágios anteriores, causa complicações graves envolvendo coração, cérebro e outros órgãos.
Então, é importante buscar tratamento o mais rápido possível. Ele ocorre pelo uso de penicilina e outros antibióticos, sendo mais eficaz nos estágios iniciais da doença.
Herpes genital
A herpes genital é causada por dois tipos de vírus e, diferentemente das outras doenças, a transmissão pode acontecer também pelo contato pele a pele, mesmo sem o ato sexual.
Esta doença pode causar dor, pois seus surtos incluem a formação de pequenas bolhas dolorosas na área genital ou anal, que se transformam em úlceras abertas.
A pessoa pode apresentar ainda coceira, dor, desconforto na região afetada, febre, dores no corpo e aumento dos gânglios linfáticos.
Embora em alguns casos as pessoas possam ter sintomas leves ou ser assintomáticas, outras podem ter surtos realmente dolorosos.
Vale a pena destacar que não há cura para herpes genital. Porém, os antivirais podem controlar os sintomas e reduzem a frequência dos surtos.
Tricomoníase
A tricomoníase é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pelo parasita Trichomonas vaginalis. Afeta principalmente mulheres, provocando inflamação vaginal, coceira, ardor e corrimento anormal.
Muitos homens, mesmo após a infecção, costumam ter sintomas leves ou sequer apresentarem qualquer sintoma. Então, meninas, o cuidado precisa ser ainda maior!
Como em todas as ISTs, a transmissão ocorre principalmente através do contato sexual desprotegido, ou seja, falha ou não uso de preservativos.
Diante dos sintomas, a mulher deve procurar o médico, que confirmará o diagnóstico por meio de exames laboratoriais.
O tratamento envolve antibióticos, como metronidazol ou tinidazol e, apesar de os homens não terem sintomas, eles também precisam de tratamento para evitar a reinfecção.
Como sempre, o uso de preservativos reduz o risco de contrair a doença, o que é mais vantajoso do que tratá-la posteriormente.
Como evitar as infecções sexualmente transmissíveis?
Existem muitos meios para evitar ISTs. Alguns são indispensáveis, enquanto outros adicionam ainda mais segurança ao ato sexual. Veja quais são:
Preservativos evitam as infecções sexualmente transmissíveis
O preservativo é o método de barreira mais importante para a prevenção de ISTs. Afinal, ele realmente cria uma barreira física que impede a infecção.
Com esta barreira, as mucosas não têm contato direto. Consequentemente, não há troca de fluidos corporais que possam conter vírus, bactérias e outros microorganismos.
Portanto, o preservativo foi um divisor de águas na prevenção de ISTs, na redução dos casos de infeção de HIV e precisa fazer parte dos cuidados sexuais.
Profilaxia pode evitar a infecção pelo HIV
A profilaxia pré-exposição, conhecida como PrEP, é uma das alternativas para prevenir o HIV.
Trata-se de um comprimido que prepara o organismo para que, mesmo que ele tenha contato com o vírus do HIV, não ocorra a infecção das células, sua reprodução e a instalação da doença.
Pessoas conscientes de sua exposição frequente ao risco, como indivíduos casados com portadores de HIV ou profissionais do sexo, tomam o comprimido diariamente.
Em outros casos, as pessoas tomam o comprimido sob demanda, ou seja, em situações em que a pessoa prevê a possibilidade de um contato de risco.
Porém, é importante destacar que o PrEP causa diversos efeitos colaterais como dores de cabeça, dor de estômago, náuseas, perda do apetite, flatulência, vômitos, fadiga, tonturas e aumento de transaminases.
Embora esses efeitos adversos não sejam graves, eles causam incômodos e, por isso, a melhor forma de prevenir ISTs continua sendo o uso de preservativos.
O PrEP é disponibilizado em unidades ambulatoriais de saúde e, portanto, é distribuído pelo SUS. Consulte seu médico para saber mais a respeito.
Profilaxia pós-exposição
Existe ainda a profilaxia pós-exposição, ou PEP sexual. Trata-se de um protocolo que prevê o uso de medicamentos até 72 horas após relação sexual sem camisinha ou com falha no preservativo.
Grande parte das indicações ocorre após violência sexual. Assim como na PrEP, os medicamentos causam efeitos colaterais leves, mas é importante não abandonar a medicação para não dar lugar à infecção.
Vacinas para infecções sexualmente transmissíveis
Nem todas as ISTs podem ser prevenidas por meio de vacinas, embora exista um grande esforço para desenvolvê-las, especialmente no caso do HIV.
Porém, outras doenças, como o HPV, podem ser evitadas com este recurso. A vacina faz parte do calendário.
Informação previne infecções sexualmente transmissíveis
A informação é uma das principais armas no combate às ISTs. Afinal, quem entende o risco que elas proporcionam fica muito mais atento à necessidade de prevenção.
Não precisamos correr riscos para desfrutar de uma vida sexual satisfatória. O autocuidado é essencial para que o prazer de hoje não se transforme em um grande problema amanhã.
Portanto, não guarde esta informação apenas para você. Compartilhe este post com as pessoas que conhece, principalmente jovens e adolescentes, para que eles entendam a importância do cuidado e do sexo seguro.
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