Nem tudo que parece mais fácil vale a pena. Um exemplo disso é o uso de silicone líquido para aumentar os seios e outras aplicações estéticas.
Talvez você tenha imaginado, em algum momento, que injetar silicone nas mamas seria uma boa solução para aumentar o volume delas.
Afinal, um procedimento como esses evitaria uma cirurgia, pois não haveria cortes nem a necessidade de um período mais longo de recuperação etc.
Mas a verdade é que não é permitido aplicar silicone líquido nos seios. Esta proibição se deve aos inúmeros riscos deste procedimento.
Quer saber que riscos são esses? Isso é o que você vai descobrir neste post. Então continue a leitura!
A história do silicone líquido na estética
Por incrível que pareça, as injeções de silicone líquido já foram um procedimento estético muito realizado.
Talvez isso não tenha acontecido com tanta frequência no Brasil, mas nos Estados Unidos o procedimento viveu seu auge na década de 1950.
No entanto, os resultados desse procedimento começaram a aparecer e não eram nada favoráveis.
Assim, as pessoas que aplicavam silicone líquido tinham complicações agudas e crônicas muito sérias.
Devido a tudo isso, o Food and Drug Administration (FDA) americano proibiu o uso do silicone líquido em procedimentos estéticos e de saúde em geral.
No Brasil, após analisar uma série de dados e visando a segurança dos pacientes, a Anvisa também aderiu a esta proibição.
Atualmente, utilizar silicone líquido para procedimentos estéticos é crime contra a saúde pública, previsto no Código Penal Brasileiro.
Portanto, o profissional que oferece e utiliza silicone líquido para substituir a cirurgia plástica pode ser condenado por exercício ilegal da medicina, curandeirismo e lesão corporal.
O verdadeiro uso do silicone líquido
Embora seja proibido para finalidades estéticas, o silicone líquido é amplamente vendido no Brasil.
Afinal, trata-se de um produto com uso em inúmeras aplicações industriais.
As empresas utilizam silicone líquido para limpar superfícies como peças de avião e carros.
Além disso, ele veda vidros, impermeabiliza azulejos e faz parte da formulação de cosméticos como shampoos, condicionadores e máscaras para cabelo.
Outra função do silicone é lubrificar e conservar produtos como plásticos e borrachas.
Portanto, ele tem inúmeras aplicações no dia a dia. Fora do organismo, não há nenhum problema. Ele só não pode ser aplicado no corpo de nenhum paciente.
Reações que o silicone líquido causa no corpo
Mas afinal, o que acontece quando uma pessoa aplica silicone no próprio corpo?
As complicações são inúmeras e vamos mostrar para você quais são elas;
Processos inflamatórios
A partir do momento em que se injeta silicone sob a pele ou entre os músculos, o corpo dá início a um processo de inflamação.
Esta inflamação acontece quando qualquer corpo estranho entra no organismo ou até mesmo como resultado de um corte ou lesão.
Porém, como o silicone líquido industrial é uma substância que agride realmente o organismo, a inflamação não passa ao longo das semanas.
Ela se torna cada vez mais acentuada, gerando focos localizados de inflamação.
Portanto, a pessoa que realiza esse procedimento terá abscessos, fístulas e granulomas, entre outras complicações.
Em alguns casos, essa inflamação se manifesta de forma aguda, ou seja, traz sintomas muito fortes por um período curto, como edemas.
Porém, muitos pacientes têm essas complicações tardiamente, como reações granulomatosas.
Elas acontecem quando o corpo forma uma aglomeração de células de defesa para tentar conter um agente agressor.
No caso do silicone líquido, o agente agressor são as moléculas desse produto que geram essa inflamação contínua.
Espalhamento do silicone pelo corpo
O silicone líquido se espalha pelo corpo e não fica concentrado apenas no local da aplicação.
Portanto, ele não proporciona um aumento das mamas ou de qualquer outra parte do corpo de forma modelada e definitiva.
Ao longo do tempo, ele se espalha, formando inclusive nódulos em outras regiões.
Assim, quem realiza o procedimento terá complicações de saúde sérias e ainda não conseguirá o efeito estético desejado a médio e longo prazo.
Ocorrência de siliconomas
Siliconoma é um termo mais simples que descreve a lipogranulomatose esclerosante.
Portanto, trata-se de uma reação que o organismo tem quando é exposto a óleos, parafinas e outros corpos estranhos com características semelhantes.
Essa condição causa diversos efeitos que já mencionamos aqui, como mudanças na coloração e consistência da pele, formação de nódulos, inflamações, ulcerações, formação de abcessos e fístulas, deformidades cicatriciais, um intenso processo inflamatório e necrose (morte) de tecidos.
Assim, como você pode ver, é melhor evitar um siliconoma e uma das formas de prevenir este problema é jamais aplicar silicone líquido no corpo.
Encapsulamento do silicone líquido
O organismo se sente agredido pelo silicone líquido, mas não consegue eliminá-lo.
Então ele forma uma cápsula em volta dessas partículas e cria uma fibrose calcificada que adquire, ao longo do tempo, uma consistência pétrea.
Portanto, quando a pessoa tenta aumentar os seios usando silicone líquido, este produto forma verdadeiras pedras endurecidas e irregulares no organismo.
Algumas vezes, essas fibroses alteram até mesmo a cor da pele na região da aplicação.
Dificuldade para realizar exames nas mamas
Tanto o silicone que se espalha entre os tecidos do corpo quanto as fibroses dificultam o exame das mamas.
Afinal, eles atrapalham a visualização dos tecidos e encobrem nódulos, o que dificulta o diagnóstico do câncer de mama.
Vale a pena destacar que isso não acontece com quem coloca a prótese de silicone.
A paciente com prótese de silicone pode fazer mamografia e seus exames preventivos normalmente.
Ela apenas avisa o técnico que está manuseando o equipamento para que ele o posicione de forma mais adequada para verificar os tecidos da mama.
Impossibilidade de retirada do silicone industrial
Como você pode ver, o silicone líquido industrial causa uma série de efeitos adversos no organismo.
Por isso, muitas pessoas que colocam silicone líquido no corpo procuram os serviços de saúde para tentar retirá-lo depois.
Porém, isso não é possível, pois ele se espalha. O silicone líquido não é como uma prótese, que mantém todo o material dentro de uma película que o reveste.
Então, para retirar o silicone líquido dos seios, por exemplo, os médicos teriam que retirar a mama inteira ou boa parte dela, fazendo uma mastectomia.
A maioria das pacientes não quer retirar os seios e sofrem devido a essas complicações crônicas durante anos.
Eles utilizam anti-inflamatórios, corticoides e antibióticos de forma contínua, o que apenas ameniza os sintomas.
Porém, além de os remédios não solucionarem a causa do problema, eles ainda causam efeitos adversos.
No entanto, em alguns casos, a pessoa não tem escolha e realmente precisa retirar a mama, os glúteos e outras regiões onde o silicone foi aplicado.
Isso acontece quando o silicone provoca a necrose dos tecidos. Portanto, nesses casos, a cirurgia é a única forma de tentar preservar a vida do paciente.
A única alternativa para aumentar os seios com segurança
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, para que um preenchimento seja seguro, a substância utilizada precisa ter certas características.
Então, de acordo com esta instituição, que reúne estudiosos e profissionais altamente qualificados, essas características são:
- Substância segura;
- Biocompatível;
- Estável após a implementação;
- Não migratória (não se espalha pelo corpo ou pela região onde foi aplicada);
- Resistente à fagocitose (não é ingerido, absorvido ou destruído por células de defesa chamadas fagócitos);
- Deve persistir e manter seu volume;
- Não pode ser reabsorvida ou degradada;
- Produzir reações mínimas do organismo;
- Não ser teratogênica (não influenciar, alterar ou causar efeitos tóxicos em fetos e embriões);
- Não ser carcinogênica (não causar câncer);
- Não ser infecciosa, tóxica e alergênica;
- Não gerar dor ou desconforto;
- Ser preferencialmente autóloga (a pessoa doa para si mesma);
- Ser apta à estocagem em temperatura ambiente.
Portanto, quando falamos de preenchimentos de grandes áreas, como mamas, glúteos, panturrilha etc, a única alternativa que cumpre a maioria desses requisitos é a prótese de silicone.
Entre todas essas características, a prótese de silicone só não é autóloga.
Um exemplo de procedimento autólogo, ou seja, em que o preenchimento é retirado do corpo da pessoa para ser aplicado nela mesma, é a lipoenxertia.
Porém, como explicamos em outro post, o enxerto de gordura não costuma ser o procedimento mais adequado para o preenchimento de grandes áreas.
No próximo tópico, vamos explicar por que a prótese de silicone é mais segura.
Características que tornam a prótese de silicone muito mais segura
Os fabricantes que fornecem silicone geralmente apresentam essa substância em três estados. Portanto, o silicone pode ser líquido, como o que a indústria utiliza, em gel e em elastômero.
Entenda a seguir algumas das principais características da prótese:
Composição da prótese de silicone
A prótese é composta por duas partes. A concha que a reveste e o gel que preenche o implante.
Seu interior é feito de elastômero de silicone de alta coesividade. Isso significa que ela é composta por uma substância viscosa, elástica e formada por cadeias longas de moléculas orgânicas.
Por isso, a prótese suporta muito bem a pressão, não escorre e não se espalha pelo corpo nem mesmo se a concha se romper.
Além disso, o elastômero se estica e pode ser levemente contraído ou distorcido. Mesmo assim, ele retoma seu formato original, não se deforma.
Resistência da prótese de silicone
As características que mencionamos já tornam a prótese muito segura, mas além disso, ela também tem um revestimento de silicone.
Esse revestimento é muito resistente a ponto de suportar inclusive o peso de uma roda de carro passando sobre a prótese sem se romper.
Portanto, para que uma prótese de silicone moderna chegue ao ponto de se romper, a pessoa realmente precisa sofrer um acidente ou pancada grave.
Pureza da prótese de silicone
Finalmente, a prótese de silicone tem uma característica que não faz parte daquela lista que mencionamos no tópico anterior.
Isso significa que ela é ainda mais segura que as próprias recomendações da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
A prótese é feita com um silicone extremamente puro, livre de substâncias que possam contaminá-lo.
Essa pureza é atestada por órgãos fiscalizadores como a Anvisa, que certifica determinadas marcas depois de avaliar todos esses aspectos.
Portanto, quando você aumenta os seios com uma prótese de silicone, está utilizando um produto extremamente seguro e fiscalizado por órgãos competentes.
Você descobriu, neste post, por que não deve aumentar os seios com silicone líquido e do perigo que ele representa.
Agora ainda falta saber mais sobre a prótese de silicone e sua segurança.
Então continue aqui no blog, confira nosso post completo e descubra do que é feito o silicone.
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