Simastia, rippling, deiscência, contratura capsular… Se você acompanha conteúdos sobre cirurgia plástica, especialmente a mamoplastia de aumento, sabe que toda paciente quer ficar longe desses problemas no pós-operatório.
Sim, estamos falando de situações que, embora raras, podem acontecer — complicações após a cirurgia plástica. Já tratamos da maioria desses temas aqui no blog e, neste artigo, resolvemos alertar você sobre como prevenir a deiscência.
Quer saber que complicação é essa? Então, continue a leitura!
O que é deiscência?
A deiscência é uma complicação cirúrgica que se caracteriza pela abertura ou separação das bordas de uma incisão antes da cicatrização completa, ou seja, a abertura dos pontos e da ferida cirúrgica.
Esta complicação pode ocorrer em qualquer tipo de cirurgia, incluindo procedimentos estéticos como a mamoplastia de aumento. Quando ocorre deiscência, as camadas de tecido que deveriam permanecer unidas começam a se separar, expondo o tecido subjacente e, em casos graves, levando a infecções e até necroses.
Em cirurgias plásticas, especialmente na mamoplastia de aumento, a abertura da incisão geralmente não ocorre de forma natural. Na maioria das vezes, ela é causada por diversos fatores completamente evitáveis.
Tensão excessiva nas bordas da incisão, movimentos bruscos ou esforço físico prematuro, infecção no local da incisão, e a qualidade do tecido cutâneo são alguns dos fatores que podem contribuir para o surgimento dessa complicação.
Além disso, condições médicas pré-existentes como diabetes, desnutrição, problemas de coagulação e uso de cigarros podem aumentar o risco de abertura da incisão.
Anatomicamente, a deiscência ocorre quando as forças mecânicas que agem sobre a incisão superam a capacidade do tecido de manter a integridade estrutural. Portanto, literalmente, os tecidos que deveriam se unir não resistem à pressão que recebem e se separam.
A prevenção da deiscência é uma parte essencial do planejamento cirúrgico e do cuidado pós-operatório. Técnicas cirúrgicas cuidadosas que minimizam a tensão nas bordas da incisão, o uso adequado de suturas e adesivos, e a adesão rigorosa às orientações pós-operatórias são essenciais para reduzir o risco.
Porém, como você vai perceber nos próximos tópicos, o paciente tem um papel fundamental na prevenção desta complicação.
Quais são os fatores de risco para a ocorrência de deiscência?
Diversos fatores podem aumentar o risco de deiscência após uma mamoplastia de aumento. Nós já mencionamos alguns deles brevemente, mas vamos detalhá-los neste tópico.
É válido destacar que esses fatores incluem tanto características individuais do paciente quanto aspectos relacionados à técnica cirúrgica e cuidados no pós-operatório. Então, fique atenta!
Tensão excessiva nas incisões
A deiscência pode ocorrer se houver muita tensão nas bordas da incisão. Isso pode acontecer se o cirurgião não distribuir adequadamente a tensão ao fechar a incisão, ou se o implante escolhido for muito grande, colocando pressão adicional sobre a pele e os tecidos subjacentes.
Movimentos precoces e excesso de atividade
Movimentar-se sem respeitar as recomendações médicas ou realizar atividades físicas intensas antes do tempo recomendado pode forçar as incisões, aumentando o risco de abertura das suturas.
Isso não significa que você precisa ficar parada o tempo inteiro, deitada ou com os braços colados ao corpo. Porém, não deve levantar os braços, torcer o tronco, pegar peso ou fazer esforços. Isso também vale para exercícios físicos.
Pacientes devem seguir rigorosamente as orientações médicas sobre repouso e restrições de movimento durante o período de recuperação, incluindo o repouso.
Infecções podem causar deiscência
As infecções podem causar deiscência e o contrário também é verdadeiro — a deiscência deixa o organismo mais vulnerável a infecções.
Quando ocorre uma infecção no local da incisão, pode haver comprometimento da integridade tanto dos tecidos do local quanto das suturas. Consequentemente, os pontos podem se abrir.
Então, é necessário evitar infecções com práticas adequadas de higiene e cuidado com a ferida pós-cirúrgica. A área da incisão deve permanecer limpa e a paciente precisa seguir todas as recomendações médicas para prevenir infecções.
Fatores individuais de saúde
Condições médicas preexistentes, como diabetes, podem retardar a cicatrização e, desta forma, aumentar o risco de abertura da incisão. Pacientes com este diagnóstico devem monitorar rigorosamente seus níveis de glicose.
Esse é um dos motivos pelos quais os médicos solicitam exames no pré-operatório. Em caso de diabetes, o cirurgião somente realiza o procedimento após o controle adequado da doença. Muitas vezes, ele solicita uma avaliação do especialista que acompanha a paciente.
Tabagismo
Fumar compromete a circulação sanguínea e reduz a oxigenação dos tecidos, dificultando a cicatrização. Além disso, o tabagismo pode enfraquecer o sistema imunológico, tornando o corpo mais suscetível a infecções que podem levar à deiscência.
O cigarro prejudica o organismo de diversas formas e é um dos fatores que aumentam as chances de complicações após qualquer cirurgia. Por isso, é altamente recomendável que os pacientes evitem fumar várias semanas antes e depois da cirurgia.
Alimentação inadequada e desidratação
A alimentação inadequada pode afetar negativamente a cicatrização. Uma dieta rica em proteínas, vitaminas e minerais é essencial para a regeneração dos tecidos.
Por outro lado, existem alimentos que prejudicam o processo de cicatrização, como os ultraprocessados, carnes gordurosas e açúcar. Embora a bebida alcoólica não seja um alimento, aproveitamos este tópico para destacar que ela também prejudica a cicatrização.
A desidratação também pode comprometer a elasticidade e a saúde da pele, que não tem água suficiente para os processos relacionados à produção de novas células e regeneração de tecidos. Assim, ela aumenta o risco de abertura das incisões.
Técnica cirúrgica
A habilidade e a experiência do cirurgião são fundamentais para minimizar os riscos de deiscência. Técnicas inadequadas de sutura ou uma escolha imprópria do tipo de incisão podem aumentar a tensão nos tecidos e levar a esta complicação.
Atualmente, as técnicas cirúrgicas evoluíram muito. Porém, para que você não corra este risco, precisa procurar um cirurgião qualificado, capacitado, que utiliza as opções mais modernas para obter os melhores resultados em seus pacientes.
Uso de acessórios sem recomendação médica
Existem alguns acessórios que o médico pode recomendar após a mamoplastia de aumento. No entanto, o cirurgião prescreve seu uso apenas em situações bastante específicas.
Um exemplo é a fita de silicone, indicada para pacientes com queloides ou cicatrizes hipertróficas. Porém, quando a paciente utiliza a fita sem apresentar esses problemas, o corpo produz uma quantidade menor de colágeno, prejudicando o fechamento da ferida cirúrgica.
Outro exemplo é a faixa compressora para o colo. O médico indica este acessório quando a prótese de silicone está em uma posição mais elevada. Desta forma, ela é empurrada para baixo, na posição correta.
O uso deste acessório sem necessidade, só porque uma amiga usou ou porque a paciente viu na internet aumenta a pressão sobre os pontos, o que pode contribuir para a abertura da incisão.
Quais são os sintomas da deiscência?
Os sintomas de deiscência após uma mamoplastia de aumento incluem abertura visível da incisão, dor persistente ou crescente na área operada, vermelhidão e inflamação ao redor da incisão. Também podem ocorrer secreção ou pus indicando infecção.
Se não tratada, a deiscência pode levar a complicações mais graves, como infecções profundas e necrose do tecido. Por isso, aos primeiros sinais de qualquer problema, a paciente deve procurar seu médico.
O diagnóstico de deiscência é feito pelo cirurgião plástico, geralmente através de uma avaliação visual da incisão. Em alguns casos, exames adicionais, como culturas bacterianas para detectar infecções ou ultrassonografias para avaliar a extensão do dano, podem ser necessários.
Como é o tratamento da deiscência?
O tratamento da deiscência após uma mamoplastia de aumento depende da gravidade da condição e da presença de infecção. Inicialmente, o tratamento envolve cuidados locais rigorosos com a ferida para prevenir infecções e promover a cicatrização.
É fundamental manter a área limpa e seca. A limpeza regular com antissépticos suaves pode ajudar a prevenir infecções, desde que recomendada pelo médico. O uso de curativos estéreis que não aderem à ferida é recomendado para proteger a área.
Se houver sinais de infecção, como vermelhidão, calor, dor e secreção purulenta, o médico pode prescrever antibióticos para combater a infecção. É importante seguir a prescrição completa para garantir que a infecção seja completamente erradicada.
Em casos onde a deiscência é significativa, pode ser necessário um procedimento de sutura secundária. Isso envolve a reaproximação das bordas da ferida e a aplicação de novas suturas para fechar a incisão. Este procedimento deve ser realizado em um ambiente estéril para minimizar o risco de infecção.
Se houver formação de abscessos, o cirurgião pode precisar drená-los. Isso geralmente envolve a inserção de um dreno cirúrgico temporário para remover o excesso de líquido e reduzir a inflamação.
Mais uma vez, destacamos que uma boa nutrição é essencial para a cicatrização. Dietas ricas em proteínas, vitaminas (especialmente A e C), e minerais como zinco, ajudam a reparar os tecidos danificados. Suplementos nutricionais podem ser recomendados se a dieta sozinha não for suficiente.
Em casos graves de deiscência, especialmente quando há necrose, uma cirurgia de revisão pode ser necessária. Este procedimento permite ao cirurgião remover qualquer tecido necrosado, corrigir a posição dos implantes, e garantir que a incisão seja fechada adequadamente.
Afinal, como evitar a deiscência?
Como você mesma viu, a maioria dos fatores relacionados à deiscência são controláveis e evitáveis. Em poucos casos, a abertura ocorre por problemas com a técnica cirúrgica.
Isso representa um alívio, pois significa que você pode prevenir a deiscência de uma maneira muito simples: cuidando bem da sua alimentação, evitando o cigarro e seguindo todas as recomendações médicas para o pós-operatório, incluindo o repouso ativo.
Não é bom saber que só depende de você manter um organismo saudável e pronto para regenerar tecidos ao mesmo tempo em que a sua incisão permanece estável, bem cuidada, higienizada e apta a se fechar com toda a segurança possível?
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