Embora a cirurgia para colocar silicone seja muito segura, rápida e com pós-operatório tranquilo, sempre existe alguém que busca um atalho mais fácil para realizar seus sonhos. Nesta busca, diversas encontram não um atalho, e sim uma armadilha — o PMMA.
A proposta parece tentadora: aumentar os seios sem ter que ir a um centro cirúrgico, sem incisão, sem cicatriz, sem pós-operatório… Porém, neste post, você vai descobrir que toda esta facilidade cobra um preço muito mais alto depois. Confira!
Entenda o que é o PMMA
O polimetilmetacrilato (PMMA) é um polímero sintético composto transparente, resistente e versátil. Se esses termos químicos não são tão familiares para você, é possível compará-lo a um plástico ou acrílico, tanto que ele também é conhecido como vidro acrílico.
Desenvolvido na década de 1920 por químicos alemães, Otto Röhm e Walter Bauer, essas microesferas de acrílico foram inicialmente utilizadas em aplicações ópticas e na fabricação de lentes. Afinal, sua clareza cristalina e transparência são excelentes para a transmissão de luz.
Porém, com o passar dos anos, diversas áreas de conhecimento começaram a estudar a aplicação do PMMA em vários campos. Entre eles, temos a indústria aeroespacial, construção civil e medicina.
Na área da médica, o PMMA ganhou destaque inicialmente por sua utilização em lentes intraoculares e implantes dentários. Nesses equipamentos, sua biocompatibilidade e durabilidade o tornam um avanço importante.
Ao longo dos anos, médicos e outros especialistas também tentaram encontrar utilizações para o PMMA na área estética. A princípio, o material parecia ser muito adequado ao preenchimento dérmico.
Então, nas últimas décadas do século XX, iniciou-se uma onda de preenchimento com PMMA: ele era usado para preencher rugas, linhas de expressão, cicatrizes, lábios e maçãs do rosto.
Além desses pequenos preenchimentos, médicos começaram a utilizar o PMMA para dar volume a outras áreas do corpo, que exigiam mais preenchimento. As principais, sem dúvida, foram os glúteos e os seios.
Antes de entendermos como o PMMA age no organismo quando injetado, é importante entendermos as diferenças entre o PMMA utilizado em implantes, na indústria aeroespacial e da construção civil com aquele disponibilizado no mercado de estética.
O PMMA utilizado em procedimentos estéticos recebe a adição de outros componentes químicos. Em primeiro lugar, ele não pode ser inserido sozinho no corpo humano e, por isso, é injetado junto a um transportador a base de gel, além de outras substâncias.
Portanto, o PMMA mais vendido com finalidade estética no Brasil leva em sua composição também carboximetilcelulose (CMC), gluconato de cálcio, metilparabeno e o ácido etilenodiaminotetracético (EDTA).
Problemas com o uso de PMMA na estética
A princípio, o uso do PMMA parecia uma revolução na área da estética. Nos pequenos preenchimentos — rugas, maçãs do rosto, cicatrizes — ele se mostrava bastante vantajoso, principalmente em relação à durabilidade.
Diferentemente do ácido hialurônico, o polimetilmetacrilato não é absorvido pelo organismo. Este efeito permanente era uma de suas características mais valorizadas.
Já quando se tratava do preenchimento de áreas maiores, como glúteos e seios, a vantagem era o fato de que a aplicação de PMMA não envolve uma cirurgia. Trata-se de um procedimento em que o profissional injeta a substância, de forma rápida e sem incisões.
Com tantas vantagens, o que poderia dar errado com o PMMA? O tempo começou a mostrar que os supostos benefícios eram bem menores que os muitos riscos e deformidades que esta substância causa ao organismo. Entenda nos próximos tópicos:
O PMMA não é biocompatível como pensavam
Por mais que o organismo das pessoas não costume apresentar rejeição ao PMMA quando ele é usado em implantes dentários, lentes intraoculares e outros artefatos que não se misturam aos tecidos do corpo, isso não significa que ele é tão biocompatível como se pensava.
O uso do PMMA como preenchedor mostrou que, na verdade, o organismo reconhece sua presença como um corpo estranho, um invasor. Logo, começa uma reação para combatê-lo, eliminá-lo de seus tecidos.
No entanto, como o polimetilmetacrilato é permanente (não é absorvido e nem eliminado), o organismo passa a viver em constante estado de alerta. O sistema imunológico, nesta reação, começa a agredir o próprio corpo.
O PMMA se desloca através dos tecidos
O PMMA é completamente diferente de uma prótese de silicone, por exemplo. O implante mamário é formado por um gel, contido por uma cápsula que o envolve. Portanto, não existe a menor chance de o silicone se espalhar pelo organismo.
Já o PMMA não tem nem esta coesão do gel de silicone, nem a cápsula. Ele é um gel que, ao ser injetado no organismo, não encontra barreiras que o detenham em um só lugar. Por isso, ao longo do tempo, ele se espalha através dos tecidos.
A verdade é que, ao colocar polimetilmetacrilato nos seios, por exemplo, boa parte deste material não ficará na mama. Ele seguirá a lei da gravidade e descerá na direção do abdômen, pernas, joelhos e outras partes do corpo, causando uma série de complicações.
O PMMA causa deformidades
Existem três mecanismos que fazem com que o PMMA cause deformidades. O primeiro é o deslocamento que falamos no item anterior. Se o acrílico se dispersa pelo corpo, ele diminui o volume de regiões que a pessoa queria preencher e pode se acumular em outras.
É importante destacarmos que a pessoa não tem nenhum controle sobre esse deslocamento. Portanto, o polimetilmetacrilato de um seio pode se deslocar em maior quantidade que o do outro, gerando uma assimetria.
O segundo mecanismo que causa deformidades é a reação do organismo ao PMMA. Como o sistema de defesa reconhece essas partículas como corpos estranhos, ele procura isolá-las dos outros tecidos, criando uma camada de colágeno e fibroses, formando nódulos.
O terceiro mecanismo que pode deformar o paciente é a formação de granulomas e nódulos granulomatosos. Eles ocorrem porque o organismo, ao não conseguir expulsar a substância invasora, envia muitas células para o local onde esse corpo estranho está, na tentativa de isolar o local.
Nesses casos, o organismo não consegue fagocitar (“engolir”) nem o polimetilmetacrilato e nem as células, o que forma nódulos granulomatosos, que incham e deformam a região.
Portanto, mesmo que o preenchimento com PMMA possa ficar bonito em um primeiro momento, essas complicações costumam surgir ao longo do tempo.
O PMMA causa inflamações e infecções
Sempre que se fala em produtos injetáveis, existe algum risco de infecção. Com o PMMA, isso não é diferente, ainda mais quando ele é aplicado em ambientes sem conformidade com as diretrizes da vigilância sanitária.
Médicos e profissionais sérios da área de estética seguem as diretrizes da Anvisa. Por isso, eles sabem que não devem aplicar PMMA em seus pacientes, exceto em quantidades mínimas e em situações bastante específicas.
Portanto, geralmente, quem oferece esse tipo de preenchimento trabalha em condições irregulares. Realiza o procedimento na própria casa, na residência do paciente ou em clínicas clandestinas. Como você pode perceber, o risco é grande.
Os principais sinais de que o paciente está sofrendo com uma infecção após a aplicação de polimetilmetacrilato são a febre, dor de cabeça, dor no local da aplicação, mal-estar, náuseas e vermelhidão.
Além do risco de infecção, existe também a inflamação. Ao acionar o sistema imunológico, o polimetilmetacrilato desencadeia um processo inflamatório. Esta reação pode se tornar crônica, ou seja, permanente, causando inchaço e enrijecimento do local da aplicação.
O PMMA pode levar à necrose dos tecidos
Este é um perigo real, ainda mais se o seu objetivo é preencher grandes áreas, como glúteos ou seios. A necrose pode acontecer também em aplicações de quantidades pequenas. Porém, é mais comum em grandes volumes.
A injeção de grandes quantidades de PMMA faz com que as células do local fiquem sem o suprimento de sangue, em uma condição conhecida como isquemia.
Por falta de oxigênio e nutrientes, as células do local começam a morrer. Este processo se chama necrose. Caso isso ocorra, o médico precisa retirar todo aquele tecido necrosado, o que causa uma deformidade no local.
Em casos mais graves, essa necrose pode desencadear outras infecções e existe o risco de morte.
Não é possível retirar o PMMA do corpo
Como o PMMA se mistura aos tecidos do corpo — tanto os músculos quanto a gordura —, não é possível fazer uma cirurgia e retirá-lo. Portanto, em caso de complicações, não há um procedimento seguro de explante para resolvê-lo.
O PMMA pode causar embolia pulmonar
O PMMA, quando atinge a corrente sanguínea, causa inúmeras complicações. A mais grave delas é a embolia pulmonar, que pode levar à morte.
Esse é um dos motivos pelos quais nenhum profissional sério aplicará grandes quantidades de PMMA em uma paciente e evitará também a injeção em locais onde existem músculos.
Muitos músculos possuem veias e artérias consideradas muito calibrosas, ou seja, largas, que permitem a passagem de partículas grandes ou trombos.
Então, se o polimetilmetacrilato é introduzido nessas veias ou artérias, mesmo que acidentalmente, o quadro pode evoluir para uma embolia pulmonar.
Mesmo quando não chega a consequências tão extremas, o deslocamento do PMMA pela corrente sanguínea pode causar outras complicações bastante sérias.
A substância pode chegar ao olho, orelhas, nariz e outras regiões do organismo, fazendo com que o paciente perca a visão ou tenha outros prejuízos funcionais, dependendo da área do corpo que recebeu o polimetilmetacrilato de forma indevida.
Acreditamos que você já entendeu que o PMMA não é, definitivamente, uma substituição para o silicone. Seu uso estético, exceto em casos muito específicos, gera deformidade e pode levar à morte.
Para que se arriscar? Conheça agora o procedimento mais seguro para aumentar os seios e confira o nosso post completo sobre as vantagens da prótese de silicone. Também não se esqueça de acompanhar nossos conteúdos no Instagram e Facebook.
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