O que fazer ao descobrir que definitivamente não se identifica com o corpo com que nasceu, com o sexo designado ali na certidão de nascimento? Essa é a pergunta que muitas pessoas se fazem ao manifestarem a disforia de gênero — uma condição estatisticamente rara, mas que traz muita angústia aos pacientes.
A partir desta percepção, inicia-se um longo caminho: autoconhecimento, coragem para ter conversas difíceis com a família, terapia hormonal, cirurgias… uma verdadeira transformação para que o exterior reflita o sentimento e a percepção interiores.
Neste artigo, vamos focar em uma das etapas deste processo — a terapia hormonal. Pesquisamos amplamente o tema para que você saiba o que é, quais são seus impactos na transformação do corpo da pessoa trans e que cuidados são tomados antes e depois da cirurgia plástica.
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O que é terapia hormonal?
A terapia hormonal é um processo essencial para muitas pessoas que sonham em alinhar sua expressão de gênero à sua identidade pessoal. No caso das mulheres trans, essa terapia é uma ferramenta fundamental que ajuda na transformação física e no equilíbrio emocional.
A terapia hormonal é utilizada para ajustar as características sexuais secundárias de acordo com a identidade de gênero desejada. Antes de continuarmos, entendemos que é importante falarmos um pouco mais sobre isso.
Todos nós temos características sexuais primárias e secundárias. As características primárias estão presentes desde o nascimento e estão diretamente relacionadas ao sistema reprodutivo. Incluem os órgãos genitais internos e externos (testículos nos homens, útero, trompas e ovários nas mulheres, além de pênis e vagina) e a função reprodutiva, como a produção de óvulos e espermatozoides.
Como você pode perceber, algumas dessas características não podem ser mudadas. Outras, para a mudança, necessitam de uma cirurgia específica.
Já as características secundárias não são percebidas logo na ocasião do nascimento. Elas aparecem durante a puberdade e não estão ligadas diretamente ao sistema reprodutivo. Incluem o desenvolvimento dos seios nas mulheres e alargamento das costas e ombros nos homens, surgimentos de pelos faciais (barba e bigode) nos homens, alterações na distribuição da gordura corporal, entre outras.
Então, são as características sexuais secundárias que fazem com que os homens geralmente tenham a voz mais grossa que as mulheres e maior facilidade para aumentar a massa muscular. Ao mesmo tempo, as mulheres têm mais gorduras nas nádegas e coxas, o que faz com que seu corpo seja mais curvilíneo.
As características sexuais secundárias surgem como resultado da ação dos hormônios. Por isso, elas podem ser alterada, em maior ou menor grau, com a terapia hormonal.
Qual é o efeito da terapia hormonal em pessoas trans?
Como já mencionamos, a terapia hormonal modifica características sexuais secundárias. Portanto, em mulheres trans (que nasceram com o sexo masculino, mas não se identificam com ele), a terapia hormonal afina a voz, reduz ou elimina os pelos do rosto (barba e bigode), redistribui a gordura corporal, tornando o corpo mais curvilíneo.
Uma mudança importante causada pela terapia hormonal em mulheres trans é o aumento do volume do tecido mamário. Nos homens, normalmente, este tecido é pequeno e fino. Portanto, ele não gera um seio. A terapia hormonal aumenta principalmente a espessura deste tecido.
No entanto, esse aumento do tecido mamário em um organismo com um perfil hormonal diferente geralmente não produz um seio proporcional ao corpo. Por isso, muitas mulheres trans colocam silicone. No entanto, esse tecido mamário será muito importante para deixar o resultado da cirurgia natural, como você verá em outros tópicos.
Já nos homens trans (que nasceram designados com o sexo feminino, mas não se identificaram com ele), a terapia hormonal faz o contrário: engrossa a voz, faz surgirem pelos no rosto e na região peitoral, alarga os ombros e reduz a gordura do quadril e coxas.
Como é feita a terapia hormonal?
Para mulheres trans, a terapia hormonal geralmente envolve a administração de estrogênios e antiandrógenos. O estrogênio estimula o desenvolvimento de características femininas, como aumento dos seios, redistribuição de gordura corporal e suavização da pele, enquanto os antiandrógenos ajudam a suprimir características masculinas, como o crescimento de pelos faciais.
A introdução desses hormônios é feita sob a supervisão de profissionais de saúde, que ajustam dosagens para garantir segurança e eficácia. O controle médico é essencial para monitorar a resposta do corpo e fazer ajustes necessários, promovendo um percurso transexual seguro e bem-sucedido.
A terapia hormonal melhora significativamente a qualidade de vida de muitas pessoas ao minimizar a disforia de gênero e permitir que seu corpo reflita melhor quem são internamente.
Por que fazer terapia hormonal antes da mamoplastia de aumento?
Se para ter seios, a mulher trans precisa colocar silicone, por que ela deveria realizar a terapia hormonal antes da mamoplastia? Os hormônios femininos e antiandrógenos desempenham um papel crítico na preparação do corpo.
A administração de estrogênio por pelo menos um ano promove o desenvolvimento do tecido mamário, o que é vital para determinar o tamanho e a forma adequados dos implantes mamários. Isso não apenas resulta em uma aparência mais natural pós-cirurgia, mas também assegura que os tecidos possam suportar adequadamente os implantes, evitando complicações.
Além disso, a terapia hormonal melhora a elasticidade da pele, permitindo uma adaptação suave à nova configuração dos seios. Um bom regime hormonal garante que o corpo esteja preparado e o terreno fértil para uma cicatrização otimizada após o procedimento cirúrgico. A continuidade do tratamento hormonal adequado antes da cirurgia é essencial para maximizar os resultados estéticos e o conforto do paciente.
A terapia hormonal interfere na mamoplastia de aumento?
Os hormônios interferem, inevitavelmente, algumas funções do corpo. O estrogênio, por exemplo, pode afetar a coagulação sanguínea, aumentando o risco de trombose venosa profunda durante e após a cirurgia. No entanto, a mulher trans é acompanhada não só pelo cirurgião plástico, mas também por outros profissionais que monitoram sua questão hormonal.
Além disso, já é de praxe cuidar de pacientes que realizam cirurgias para evitar problemas como a trombose. Existem medicamentos anticoagulantes, meias de compressão, equipamentos que massageiam as pernas, além da recomendação de fazer caminhadas leves para estimular a circulação.
Preciso interromper a terapia hormonal antes da cirurgia?
É prática comum recomendar a interrupção da terapia hormonal cerca de um mês antes da cirurgia, assim como as mulheres cis precisam interromper o uso de anticoncepcionais. O princípio é o mesmo.
Essa pausa ajuda a reduzir riscos associados à coagulação, uma vez que diminui a atividade de fatores coagulantes induzidos por estrogênios. Embora interromper a terapia possa levar a um retorno temporário de sintomas de disforia de gênero, essa medida é essencial para a segurança do paciente durante e após o procedimento cirúrgico. É preciso ter em mente que se trata de uma situação temporária.
Quando retomar a terapia hormonal após o silicone?
Após a colocação da prótese de silicone em mulheres trans, a retomada da terapia hormonal é gerida com precisão. Geralmente, o médico libera o uso de hormônios cerca de um mês após a cirurgia, permitindo que a cicatrização inicial ocorra sem interrupção.
Durante esta fase, a paciente permanece sob supervisão médica contínua, garantindo que o recomeço seja gradual para prevenir complicações e assegurar que o corpo responda adequadamente à reintrodução hormonal.
O acompanhamento por um endocrinologista e cirurgião garante que a terapia hormonal seja personalizada, permitindo ajustes necessários e promovendo resultados estéticos e de saúde ideais. Essa retomada controlada otimiza tanto a recuperação quanto a adaptação dos resultados esperados da cirurgia.
E quanto a outras mulheres que tomam hormônios?
Mulheres que participam de atividades esportivas ou utilizam outros tratamentos hormonais, como anabolizantes, devem informar essa condição ao médico para que esses fatores sejam manejados de forma apropriada, tanto antes quanto depois da cirurgia.
Esse diálogo permite minimizar riscos e assegurar uma recuperação tranquila e bem-sucedida. O conhecimento e a compreensão do impacto que outros hormônios têm no contexto da mamoplastia aumentam o potencial de uma recuperação tranquila e sem intercorrências.
Qual é a importância do acompanhamento psicológico?
O acompanhamento psicológico durante todo o processo de transição de gênero, inclusive da cirurgia para colocar silicone, não pode ser subestimado. Durante a pausa dos hormônios, pode haver um aumento da disforia e outros desafios emocionais. Ter acesso a apoio psicológico profissional pode fornecer ferramentas vitais para gerenciar essas emoções e manter o bem-estar mental durante a mudança física.
Então, a recomendação do Silicone Center é de que a paciente esteja cercada por profissionais especializados em questões de gênero. Assim, elas poderão compartilhar suas preocupações, lidar com ansiedade e se preparar para as mudanças que vêm com a cirurgia e a terapia hormonal.
Esse suporte emocional não apenas potencializa o bem-estar psicológico, mas também integra a recuperação física, proporcionando uma abordagem ampla ao processo de transição.
Agora você já sabe que a terapia hormonal é essencial na transição de gênero para mulheres trans e faz parte da preparação para a realização e recuperação da mamoplastia de aumento. A gestão eficaz dos hormônios antes, durante e depois da cirurgia maximiza a segurança e garante resultados estéticos satisfatórios.
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